sexta-feira, 12 de junho de 2015

IGREJAS DO PARÁ EXPRESSAM O ELO HISTÓRICO ENTRE PARÁ E PORTUGAL

IGREJAS DO PARÁ EXPRESSAM O ELO HISTÓRICO ENTRE PARÁ E PORTUGAL
por: Benigna Soares com Yasmin Paschoal e Francisca Alves

Mais do que templos da religião católica, as igrejas mais antigas do Pará são atrativos turísticos que contam a história da colonização européia e da cultura paraense. Quando as expedições portuguesas chegaram ao estado no século XVII, trouxeram consigo as missões jesuítas para catequizar os povos indígenas que viviam na região. Essas expedições e suas tripulações de missionários religiosos desbravaram o rio Amazonas, fundando municípios e deixando a cultura européia e a religião católica por onde passaram.  As igrejas são guardiãs das memórias destas influências em suas arquiteturas de estilos neoclássicas e barroco, assinadas por grandes nomes da arquitetura européia, como o italiano Antônio José Landi, responsável por imortalizar várias construções históricas pelo Pará.

No Marajó e Tapajós, por exemplo, os Jesuítas marcaram presença na fundação da maioria dos municípios, tendo sido de extrema importância para a consolidação do domínio português na Amazônia. A colonização portuguesa no Pará deixou diversidade de opções e memórias imperdíveis para o turismo religioso. 

Conheça um pouco mais:

BELÉM: Igreja da Sé 


A Catedral Metropolitana, ou simplesmente “Igreja da Sé”, é a mais antiga de Belém. Os registros de sua construção datam de 1749. Originou-se de uma humilde capela coberta de palha, fundada inicialmente no interior do Forte do Castelo, durante os primeiros anos de colonização da cidade. 


Atualmente a Catedral Metropolitana de Belém possui arquitetura neoclássica e barroco-colonial após uma intervenção feita pelo arquiteto europeu Landi, em 1755. É o cenário de início da procissão do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, no segundo domingo de outubro. 


Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré


A Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré possui uma história de fundação especial para o povo paraense. Para alguns católicos mais fervorosos, o local foi escolhido por Deus para sediar uma igreja. De acordo com a lenda do “milagre do retorno”, por volta de 1700, o caboclo Plácido encontrou uma imagem de Nossa Senhora de Nazaré no igarapé Murucutu e toda vez que a levava para casa, misteriosamente, a imagem da Virgem de Nazaré retornava ao local de encontro. Assim, Nossa Senhora de Nazaré se tornou padroeira dos paraenses, a partir da construção de uma igreja para servir de templo para a imagem encontrada por Plácido. 


De estilo neoclássico e eclético, a Basílica foi projetada pelos arquitetos italianos Gino Coppedé e Giuseppe Predasso. Antes de receber o título basilical pelo papa Pio XI, em 1923, já havia passado por diversas reformas e ampliações desde sua primeira inauguração em 1881. Atualmente, a Basílica de Nazaré e sua praça são o ponto de chegada da procissão do maior evento religioso da cidade, o Círio de Nazaré.                                                                             
Igreja de Santo Alexandre


A igreja de Santo Alexandre, que integra do Complexo Feliz Lusitânia, foi a sede da Companhia de Jesus em Belém do Pará durante o período colonial. A igreja atual foi concluída em 1719, sendo uma sucessão de outras anteriores que passaram por modificações e reestruturação. Desde seus primórdios, divide espaço com um colégio jesuíta, que além de já ter armazenado em sua biblioteca mais de 2 mil livros e escritos antigos, já funcionou também como uma oficina de esculturas para indígenas catequizados.


Atualmente, o conjunto arquitetônico do colégio e da igreja foram transformados no Museu de Arte Sacra do Pará. O museu conta com centenas de peças sacras em pintura, talha, gesso, prataria e outros objetos litúrgicos deixados pelos jesuítas. A igreja ainda funciona, sendo inclusive palco de concertos de música, teatro e outros eventos além das programações católicas comuns. Em 1980, a igreja inclusive serviu de hospedagem para o papa João Paulo II quando visitou a cidade de Belém.

MARAJÓ

As Ruínas de Joanes - Salvaterra 

Foto: Jeff Severino

A construção de igrejas para a catequização dos índios era uma das primeiras medidas a ser tomadas pelas expedições religiosas ao chegar em uma nova região. A missão religiosa mais famosa do Marajó foi organizada pelos padres Franciscanos na Vila de Joanes por volta de 1693. As ruínas de pedra da igreja construída pelos padres Franciscanos ainda estão de pé em Joanes e são parada obrigatória para turistas que visitam o município de Salvaterra. 

Igreja de Santa Luzia - Soure 


Localizada na comunidade do Pesqueiro, em Soure, ela recebe a procissão do Círio do Pesqueiro, que anualmente sai da Granja Mironga, percorre a PA 154, até a comunidade. A devoção à Santa Luzia no Brasil é muito grande e no Marajó não é diferente. A Santa nasceu no ano 280 em Siracusa, na Itália. Filha de nobres cristãos, Lucio e Eutíquia, Lúcia era tinha muita fé e adquiriu conhecimentos sobre Jesus Cristo, e cultivou o amor ao próximo e a Deus, que também motiva a devoção dos marajoaras à Santa.

Igreja Matriz de N. Sª da Consolação - Soure


A igreja Matriz de Soure ou Igreja Matriz de Nossa Senhora da Consolação foi construída por volta de 1936 após o estado de ruínas da Capela Menino Deus, de onde saia o Círio de Soure até então. O terreno da capela, onde foi construída a Igreja Matriz, havia sido doado por um casal de devotos que realizavam todo mês de novembro um novenário à Virgem de Nazaré.

Matriz de N. Sª da Conceição-Ponta de Pedras


Os marajoaras costumam ter uma grande devoção à Nossa Senhora da Conceição também graças aos Jesuítas que trouxeram a imagem da santa em suas expedições. No atual município de Ponta de Pedras, os missionários religiosos construíram uma capela para abrigar a imagem de Nossa Senhora da Conceição. No início era uma capela simples feita de madeira e coberta de palha, até que em 1898, foi doado um lote de terra para a construção da atual igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição. Apesar de atualmente a imagem da santa estar na nova catedral construída na década de 60, a devoção da população à sua padroeira fez com que em 1983 a Universidade Federal do Pará (UFPA) junto com comunidade de devotos ajudassem a restaurar e revitalizar a igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição. Vale a pena conhecer. 

TAPAJÓS

Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição – Santarém


A Igreja de Nossa Senhora da Conceição ou Igreja Matriz de Santarém foi inaugurada em 1819, mais de cem anos após a construção da primeira capela de devoção à Santa no atual município de Santarém. A igreja foi projetada pelo arquiteto Antônio Landi, responsável pela construção dos maiores edifícios históricos em Belém, capital do estado.   Dentro da igreja existe um pequeno museu de arte sacra que conta com imagens e pinturas barrocas dos séculos XVIII e XIX, objetos de culto e diversos documentos e registros históricos. Algumas imagens foram trazidas da Espanha ou talhadas em madeira pelo artesanato indígena da região.

Outras atrações da Igreja de Nossa Senhora da Conceição são as lápides de três antigos bispos de Santarém. A primeira é de Dom Amanda Bahlman que morreu na Itália em 1939 e teve seus restos mortais trazidos para igreja em 1952; a segunda é do bispo Dom Tiago Ryan que faleceu no Estados Unidos em 2002 e teve seu corpo trazido para Santarém para ser sepultado na igreja; a terceira é do bispo Dom Lino Vombommel, natural Teresópolis (SC) e falecido em Santarém no ano de 2007. 

Igreja de Nossa Senhora da Saúde - Alter-do-Chão- Santarém



Localizada na Vila de Alter do chão, em Santarém, a Igreja de Nossa Senhora da Saúde foi construída no século XIX em estilo barroco português. É reconhecida pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional como Patrimônio Histórico de Santarém. Seu prédio inclui a Capela Central e duas naves laterais. No mês de junho recebe os devotos da procissão fluvial do Círio de São Pedro, marcado por arraial, comidas típicas, danças de quadrilhas juninas e outras atividades, um ritual que encanta turistas e nativos no Tapajós. Durante a procissão fluvial dezenas de embarcações enfeitadas, além da imagem de São Pedro, transportam ribeirinhos que vivem em comunidades no entorno da vila, entre eles de Aritapera, Pindobal e da sede de Santarém. O ritual, engrandecido com batuques de carimbó e outros ritmos tocados por uma banda de música no barco que transporta a imagem, é assistido por turistas de todo o Brasil e muitos do exterior.

Benigna Soares com Yasmin Paschoal e Francisca Alves
Setur-Pará

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