sexta-feira, 26 de junho de 2009

GRAMADO FAZ BEM !



"O cavalo nostálgico mastiga geada e pasta na linha do horizonte. E eis que o galo apunhala com o bico a madrugada e (a) tinge o céu vazio. O vento chega quieto e lambe as cinzas da estrela que dormiu junto ao fogão... Crepita a labareda - os teus cabelos banham de luz o rosto da manhã." Poema de José Hilário Retamozo

Estou aproveitando esse feriadão em Gramado, aqui na Serra Gaúcha e, nada mais justo do que começar a contar os "causos" daqui com um "bueno" poema gaudério. Estar por essas bandas é praticamente estar em outro país tamanho a competência na recepção, quer por parte do poder público quer por parte da iniciativa privada. A cada estação, a cada evento, a cada feriadão a cidade troca de roupa. Coloca-se a caráter. Exemplo disso é que está terminando hoje, a Festa do Colono. Cada jardim, cada pracinha está devidamente ornamentada com canteiros de alface, couve, cenoura, milho... enfim, uma feira livre a cada esquina, devidamente plantada para o deleite dos turistas.


Lá pelas 16 horas, o desfile dos colonos pela ruas principais de Gramado. A tradição colonial nas ruas! Inclusive com carroças fogões, isto é, em cima da carroça foi construído forno a lenha. Prende-se fogo e os colonos começam a fazer seus produtos, ali, ao vivo, polentas, doce de abóbora, pão, macarrão, uva, vinho, ... Um espetáculo de encantar os olhos. Tudo funciona redondinho.


É evidente que depois de cada desfile com bois, cavalos, bodes e cachorros puxando carroças a sujeira seria uma conseqüência lógica. Aqui não! Os dois últimos carros que "entram na avenida", são os da limpeza. Lá vem água! Caminhões automáticos dão uma geral, lavando, aspirando, deixando tudo um brinco como se nada tivesse acontecido. Mais aplausos para o turismo levado a sério.



Além das belezas naturais, do Serrano Resort Hotel, o melhor hotel montanha do Brasil, vale lembrar que um dos melhores roteiros da cidade é o roteiro gastronômico. Misericórdia quanta delícia! O clima serrano é cúmplice, girando nesta época pré-invernal, em torno dos 15 graus. Da-lhe foundie, sopa de aspargo servida dentro de um legítimo pão italiano, café colonial, Focaccia no Bistrô Forneria (Serrano Resort) e uma fantástica costela Argentina no Frontera Sur, também no Serrano.

Aqui fica a dica para o melhor café colonial da região. Trata-se do Torre Café Colonial que fica na Av. das Hortênsias, em Gramado desde 1974 sob o comando da família do Paulo Ortiz. Pelas paredes do ambiente acolhedor, fotografias que contam a história da cidade entre os anos de 1910 e 1960. E tem novidades ! Desde o dia 05 de maio de 2008, a Torre inaugurou no andar térreo a Tratoria Cantina de Capo. e, sem dúvidas é a melhor cantina italiana da região. Vale lembrar que você não precisa dirigir em Gramado. Qualquer bom restaurante ou bistrô tem serviço vip. Da recepção do Serrano, você entra em contato com o restaurante ou café escolhido e eles imediatamente mandam te buscar e melhor ainda, não te cobram absolutamente nada por isso. A cidade é feita para caminhar, entre praças, ruas, calçadas, lojas cheias, outlets com preços convidativos e muito, mas muito chocolate. Por sorte tem o Vitalita Spa aqui no resort.


Falando em Spa, o Vitalita realmente é espetacular. Sob a batuta da gatíssima Dayane Pocahy tem tratamentos que promovem momentos relaxantes, peeling corporal e facial com cristais à base de vinho. Banho de imersão em sais e espumas de vinho, finalizando com um hidratação completa com produtos à base da semente de uva. Vale lembrar que a Dayane esteve presente no IV Meeting Spa. O curso que trouxe como novidade o conceito de Spa "WAKAN", que utiliza-se de plantas e especiarias como ingredientes cosméticos, busca o melhor da natureza, preservando o meio ambiente, e criando uma atmosfera de relaxamento. As novas técnicas de massagens associadas aos sentidos proporcionam um estado de total relaxamento e prazer, através dos estímulos sensoriais do olfato e tato.


E a comilança continua. Desta vez na Festa do Colono. Comigo o Secretário Municipal de Turismo e Cultura de Gramado, Alemir Klusener Coletto. Na mesa polenta na chapa, raviólis, canelones, torteli, costelinha de porco...(R$ 12,00 por pessoa - sem exploração) e muito vinho. Lá fora, em outro pavilhão, que funciona o ano todo, fornos a lenha e, a cada fornada, cucas de uva, abacaxi, banana, maçã, coco, doce-de-leite. Comprei seis, (R$ 5,00 - pela qualidade e tamanho - uma barbada) além de um pão de "mistura". Não é à toa que no cartão de visita do secretário Coletto está escrito "Gramado faz bem".


Outro lugar fenomenal é a nova capela do Serrano. Localizada entre árvores, um lugar único, com a imagem de um Cristo mais do que complacente, do lado de fora, que pode ser vislumbrado de dentro da capela. Uma visão realmente emocionante. Ao entrar no pequeno templo, uma música suave invade o ambiente e acima a abóboda celeste.

Gramado é pura fantasia. Recordo aqui trechos do poema Pingos do Guilherme Schultz Filho: "Rosado como as manhãs do pêlo da própria infância. Mascando o freio com ânsia parece que até sorria. Chamava-se FANTASIA e era a flor daquela estância. E assim vou descambando ao tranco e sem escarcéu. Mas sempre tapeando o chapéu por orgulho de gaúcho. E se Deus me permite o luxo, entro a cavalo no Céu"!

Enfim Gramado a cada evento que só termina com o Natal Luz, pra começr tudo de novo após o reveillon, alia o turismo folclórico com o cultural, usando esse mesmo turismo como guia ou informante, proporcionando ao visitante o descobrimento das fontes admiráveis da colonização e das tradições de um povo, trazendo o passado para o presente, projetando os fatos que se desenrolam para o próprio futuro. Um turismo digno de aplausos. Comportamento que, por si só valeria sem favor, um tremendo elogio. "A paisagem física ou o cenário humano precisam da valorização filosófica ou antropológica e assim o turismo não deve ser apenas uma amostragem de casas e ruas, lugares e recantos, mas que tudo emerge lindamente daquilo que é herança viva da inteligência dos povos, das cidades e das regiões." Dante de Laytano - Presidente da Academia de Letras do Rio Grande do Sul (já falecido).

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